Julho Dourado: mês de conscientização sobre a importância da vacinação animal e prevenção de zoonoses

A campanha Julho Dourado Pet é dedicada à conscientização sobre a importância da vacinação animal e da prevenção de zoonoses - doenças que podem ser transmitidas dos animais para os seres humanos. A iniciativa destaca o papel essencial dos cuidados preventivos para garantir a saúde e o bem-estar dos pets, além de proteger toda a comunidade. É um mês para reforçar a responsabilidade e o carinho que todo tutor deve ter com seus animais.
A médica-veterinária e preceptora de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Uniube (HVU), Aline Maria de Matos, deu informações detalhadas sobre a importância da vacinação na prevenção de doenças graves e zoonoses.
Qual é a importância da vacinação regular em animais domésticos para a saúde pública?
Aline Matos: A vacinação de cães e gatos é uma estratégia fundamental de saúde pública, pois previne a disseminação de doenças infecciosas, muitas das quais são zoonoses, ou seja, transmissíveis entre animais e seres humanos. A imunização em massa, especialmente contra a raiva, tem impacto direto na redução dos casos dessa doença fatal em humanos e animais, sendo reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma medida essencial para o controle e a erradicação da enfermidade.
Quais são as principais doenças que podem ser prevenidas com a vacinação animal?
Aline Matos: Nos cães, as principais doenças preveníveis por vacinação são raiva (zoonose), cinomose, parvovirose, hepatite infecciosa canina (adenovirose), leptospirose, parainfluenza e tosse dos canis (traqueobronquite infecciosa). Já nos gatos, as vacinas protegem contra raiva, panleucopenia felina, rinotraqueíte viral felina, calicivirose felina, clamidiose e leucemia viral felina (FeLV). Algumas dessas doenças apresentam alta morbidade e mortalidade, e muitas são altamente contagiosas.
Como a vacinação de cães e gatos ajuda a prevenir zoonoses que afetam os seres humanos?
Aline Matos: Vacinar os animais é uma forma eficaz de barreira sanitária, pois impede que eles se tornem reservatórios ou vetores de patógenos zoonóticos. A raiva é o exemplo mais crítico: a vacinação de cães foi responsável por praticamente erradicar os casos urbanos em humanos no Brasil. A leptospirose, que pode ser transmitida por cães infectados por meio da urina, também é controlada, em parte, pela imunização regular dos pets.
A vacinação é suficiente ou deve ser combinada com outras ações preventivas no cuidado animal?
Aline Matos: A vacinação é essencial, mas não suficiente por si só. Deve ser combinada com outras ações, como vermifugação, controle de ectoparasitas (pulgas, carrapatos, mosquitos), exames clínicos regulares, boa nutrição, higiene e manejo ambiental adequados, além da educação contínua dos tutores.
Com que frequência os tutores devem vacinar seus pets? Existe um calendário vacinal obrigatório?
Aline Matos: Sim. O calendário vacinal básico é recomendado pelos conselhos de medicina veterinária, como o CFMV, e por associações internacionais como a WSAVA (World Small Animal Veterinary Association). Cães filhotes devem iniciar a vacinação entre 6 e 8 semanas de idade, com reforços a cada 3 ou 4 semanas até atingirem 16 semanas de vida. Gatos filhotes devem receber a primovacinação com 8 semanas de vida e o reforço deve ser realizado 3 ou 4 semanas após a primeira dose. O reforço anual é indicado para a maioria dos animais. A vacinação contra a raiva é obrigatória por lei e gratuita em campanhas públicas no Brasil. O reforço deve ser realizado anualmente.
O que ainda dificulta o acesso à vacinação em massa de animais no Brasil, especialmente em áreas rurais?
Aline Matos: Os principais obstáculos incluem a falta de informação ou desinformação, os custos das vacinas que não são gratuitas e a ausência de políticas públicas voltadas à causa.
Quais sinais indicam que um animal pode estar com uma doença grave que poderia ser evitada com vacinação?
Aline Matos: Os sinais costumam ser inespecíficos, como febre, letargia, perda de apetite, vômitos, diarreia, tosse ou secreção nasal/ocular, convulsões, sintomas neurológicos, icterícia e emagrecimento. Esses sintomas podem indicar doenças como cinomose (cães), parvovirose (cães), FeLV (gatos) ou raiva (cães e gatos), especialmente se o animal não tiver sido vacinado.
Quais são os riscos de não vacinar um animal, tanto para ele quanto para sua família ou comunidade?
Aline Matos: Os maiores riscos incluem o adoecimento do pet, possíveis sequelas permanentes e até óbito. Além disso, há risco de contaminação de outros animais, transmissão de zoonoses para humanos e aumento dos custos com tratamentos. A não vacinação contribui para a redução da imunidade coletiva e a perpetuação de ciclos infecciosos.